segunda-feira, 3 de setembro de 2007

O Tempo não é nada!



Tempo como ousas desafiar-me? Tu, ó Tempo, faz questão de andar arrastado, só para nos deixar mais tempo separados. Achas tu que sabes de tudo, que és senhor dos momentos e Doutor em soluções. Mas tu, não sonhes em deixar-me acostumada, irás enfadar-te em teu propósito. Não o alcançarás porque não deténs o que a ti atribuem os tolos. Ora Tempo, tu não sabes de nada! Não sabes porque não conheces o Amor e nem a Dor.

A Dor é um espremer de coração, tal como uma mão fechando-se com força tamanha capaz de fazer fluir entre os dedos os resquícios do mais endurecido material. É tão forte a ponto de promover o dilatar de pupilas e fazer jorrar de um olhar indiferente as mais sinceras lágrimas.
Impiedosa.
Quando menos se espera ela toma-me e fatalmente consumir-me-ia até o fim de minhas pequenas forças, não fosse a magnitude do Amor.
O Amor é sofredor, e é através da Dor que sou capaz de conhecê-lo. Contemplei a face da Dor, e ela era horrível. A temi, mas estava nas mãos do Amor, e por ele fui protegida. Ele me fez vencer a Dor, por ser maior que ela. Ele a conhece, e a ela sobrepõe-se. Maior que a Dor... que pretendes tu diante dele?


Ele, que me fez renascer semelhante a lendária Fênix, de cinzas. Abrilhantou meu olhar e no fundo dele fez refletir um semblante ao qual eu devo cada gargalhada da minha alma. De repente o ridículo estava impresso em mim. Senti-me criança, desejosa do simples e admiradora do lúdico. Entretanto, ao mesmo tempo vi-me como jovem, seduzida pelo árduo, encorajada frente ao obscuro, como eterna e incansável perseguidora do improvável.
Não temo a ti, Tempo impetuoso. Permanecerei fiel ao sentimento que se fez cravar, permitindo românticos devaneios e súbitos ataques em que a pele pede a boca. Desejarei no limite do impossível nossos momentos. Estarei firme e crente neste inseparável que nos move e no querer que nos apóia. Pois o Amor não tem pressa e segue ao futuro dia após dia, vivendo a cada um deles o seu mal, certo de que no infinito as linhas se cruzaram.
Esta guerra não é tua. O apertar que a tua mão proporciona ao meu coração é um exemplo da mais louca prova desse amor tão querido, de querer...É imenso o que carrego. Forte é o que há em mim.
O Amor é mais, é nele que descanso. Nele deleita-se o desejo e queda-se o respeito. Em morrer em mim o orgulho e exaltar-se agora a renúncia.
Portanto Tempo, não te iludas e nem te esforces em teus truques, como se o aumento das horas agisse em meu espírito tal qual um antídoto num organismo enfermo.
Já não sofro com as manifestações da Dor. O seu amor me cura.
Se conhecesses a Dor saberias que ela é de dimensões inenarráveis, mas se soubesses sobre o Amor, saberias que diante dele a Dor não resiste. Ela não chega a passar despercebida, mas prepara o coração para o vislumbre do Belo.
Belo que hei de alcançar quando enfim chegar o tempo de vencer-te.
Estás fadado à derrota, Tempo. E verás que não importa quais mudanças imprimas em um ser, o sublime não é passível de alteração.
O Amor vencerá, e por muitas vidas contarás a história de um fracasso decorrente da tua insistente teimosia em separar aquilo que é um só. Dois espíritos onde o Amor reina soberano.

Thábata.

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