quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Brincando no nada.


Há momentos na vida em que a melhor coisa a se fazer é nada. Outro dia estive em um momento desses. Normalmente eu me desesperaria, choraria, gritaria, falaria palavras torpes, brigaria com o mundo, deixaria a ansiedade ir me envenenando até me deixar à ponto de bala pra tomar uma daquelas decisões precipitadas das quais no fim a gente sempre se arrepende. Então em meio a um turbilhão de pensamentos eu resolvi não fazer nada. Quer dizer, não ‘não fazer nada’, mas resolvi não sofrer. Sem estar experimentando o sofrimento não haveria motivo para tomar qualquer providencia, fosse ela errada ou não. Eu decidi não sofrer, decidi que não queria encarar ninguém, nem conversar, agarrei minha bolsa, uns trocados e umas folhas soltas e fui a um lugar de recordações boas.
Lá eu andei, me sentei, e então veio a sensação de lágrimas rolando, mas não houve tempo para que elas penetrassem no meu íntimo, o vento forte as secou e voou com elas pra longe de mim.
Ah! Eu tomei um sorvete, nem gosto muito, mas foi o sorvete mais delicioso que eu já tomei, tanto que o deixei pingar na barra da minha calça jeans.
Depois, eu senti um frio, era o vento ajudador, dessa vez acompanhado de braços dados com a chuva, e eu dei meu braço aos dois e fomos todos juntos dançar celebrando um sorriso que agora era altamente satisfatório. Sentei-me na calçada e ouvi uma melodia, "sou seu onde quer que você esteja e eu sei que você é minha". Mais uma vez inundada pela emoção, eu chorei, desta vez as lágrimas confundiram-se com os pingos de chuva e junto com eles foram escorrendo pelo meu rosto. Cansadas de passar despercebidas, as minhas lágrimas deixaram de rolar. Elas desistiram de mim.
Então eu me deitei no chão molhado, e ao contrário de dor e preocupação eu quis sentir somente o vento forte batendo contra o meu corpo querendo me empurrar de lá e me lançar no meio de uma cantiga de roda para que eu pudesse dançar e dançar até não sentir mais os meus pés no chão, eu desejei estar nas nuvens.
E após tudo isso aquele momento não passou, não me iludo em pensar que a dor foi sarada, mas ainda assim eu estava feliz porque dessa vez eu não reagi, e ter tomada uma atitude diferente me alegrou, e eu só precisei não fazer nada. E se eu soubesse que fazer nada era tão legal eu já teria não feito nada a muito tempo. Uma vida, muitas lições, dessa vez aprendi.
Thábata.

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