sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O meu Conto




"Fecho meus olhos e lembro, eu numa saia plissada estampada com rosas vermelhas e uma blusa da mesma cor e ele com uma roupa que honestamente não ouso descrever porque o meu olhar não pôde enxergar mais nada além do seu rosto. Sempre tão democrático distribuía apertos de mão a quem passasse, quanto a mim sempre tão cheia de reservas como de costume, não fui capaz de nem ao menos cumprimentá-lo quando ele estava bem diante de mim. Mas eu o vi, e dali em diante eu não o esqueceria mais.
E por um instante me pareceu tolice que alguém a quem eu nunca havia visto, com quem nunca troquei nem meias palavras, tivesse mexido com a minha cabeça e me encantado, sem que eu nem ao menos tivesse escutado o timbre da voz. Mas aí já tinha acontecido.
Passada essa ocasião, minha mente guardava dele apenas uma lembrança nublada, mas nunca exaurida. E por lapsos de tempo lembrava-me do moço democrático que vi a distribuir sorrisos a quem passasse, mas a neblina sempre chegava ao amanhecer e eu não era capaz de ver nem um palmo do meu futuro a minha frente.
Lá uma tarde o moço democrático visita a minha casa e surpreendentemente faz com que a minha mão trema. Mas como era possível? Naquele instante eu não vislumbrava nenhum tipo de aproximação com ele, ele era alguém potencialmente interessante que eu poderia chegar a conhecer, mas estranhamente distante de mim.
Ele se mostrou ousado e então tentou as primeiras aproximações comigo sem que eu ao menos percebesse que ele queria a minha presença.
Hoje, depois do que já temos construído juntos e conhecendo-o como eu o conheço, eu posso saber que ele estava sentindo como eu, que alguma coisa dentro dele chamava por mim, mas a voz que pronunciava o meu nome ainda se confundia com o eco do futuro que ele estava prestes a enfrentar e ele não sentia que chegara a hora de se render. Mas já estava vencido.Mais que aproximar-se ele conseguiu a minha confiança, o meu apreço e por fim, totalmente rendida como ele, lhe entreguei o meu amor. Assim, sem rodeios, com a pressa de quem sente que tem força pra chegar, mas ainda não sabe onde.
E quem entre os leitores acredita em conto de fadas? Não falo da parte em que o casal fica “feliz pra sempre”, mas do momento em que um homem e uma mulher se encontram e a partir daí já não podem mais deixar de sentir que pertencem um ao outro. Quando de repente já não se pode imaginar a vida sem aquele abraço confortável, sem aquelas palavras carinhosas que ninguém no mundo pronuncia igual, sem os afagos, beijinhos e mil carinhos logo de manhã, sem sentir que alguém o ama na mesma medida que você à ele e saber que essa medida é enorme...
Sou obrigada a acreditar em contos, senão em todos, ao menos no meu.
Um conto de vida no qual eu fui apresentada a um amor calmo, tranqüilo, que arde nas minhas veias e grita sua força no meu peito.
No meu conto tem um príncipe. Ele é atencioso, cuidadoso, carinhoso, amoroso, doce, educado, romântico, gentil... claro, ele é lindo! E o meu príncipe enfrentaria florestas sombrias, monstros e furiosos dragões pra me tirar da torre da bruxa. E eu, doce princesa, me atiraria da janela mais alta do castelo, pra cair descansada em seus braços.
E eu, princesa, o receberia com um abraço forte e cheio de saudade todos os dias quando ele voltasse do trabalho, lhe cantaria todo o meu amor ao ouvido até que ele cochilasse, lhe repetiria todos os dias como ele é grande pra mim, eu cozinharia pra ele os pratos mais suculentos, e lhe daria 6 filhos. Eu iria até o fim do mundo com ele, e eu enfrentaria tudo, eu lhe daria minha vida... eu me casaria com ele.
E eu não prometo que o faria “feliz pra sempre”, mas na monotonia dos dias iguais, eu o faria feliz a cada dia.
Eu viraria princesa pra sempre e faria do meu amor, inesgotável.
Ass: Uma princesa."
Thábata.