segunda-feira, 22 de outubro de 2007

À espera dela.



Que me venha ela
Que me acorda dos sonhos e neles faz vigilia
Que me envolve com suas cores
E inebria meus pensamentos com seus perfumes
Sedução aos meus olhos
Daquelas palavras que saltam da mente arteira,
Sentindo, sem sentir;
Direto para o paraíso de deleite,
Lugar de onde nunca poderei fugir depois que ela me alcançar.
Que ela me tome a seu colo
Que me suspenda ao ar
Que me ponha a levitar
E voar para onde só ela é capaz de me levar.
E que de mim faça brotar vários,
Pares, ímpares, confusos e simples,
Tantos quantos eu for capaz de suportar em mim.
E assim que ela der o ar de sua graça
O mundo embalará em seu seio
Mais um ser completamente realizado.






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Alfredo, nasça!


Thábata.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Aprendendo a crescer.



Crescera sempre rodeado de um carinho que sem saber explicar o porque, não era totalmente benéfico. Não que não gostasse de toda a atenção que lhe era dispensada, mas sentia como se aquilo tudo tivesse um preço.
Sentia sem saber, ou não queria sentir.
E esse preço de tudo era exatamente o peso que carregava nas costas sem que ninguém visse, talvez nem ele próprio soubesse que este o acompanhara já a tanto tempo.
Uma dívida que não poderia pagar.
Um peso de tudo que não havia como definir, e justamente por faltar maneiras para revelar aquela grande carga que afligia seus ombros, chegava a imaginar que ela não existia. Viveu parte da vida assim. Enganado.
Torcendo para que sua imaginação fosse criativa o bastante para fantasiar aquela enorme carga que ele torcia para que fosse só mais um delírio de sua mente em transformação.
- Sou jovem, sou tolo! Mais uma vez estou criando problemas pra mim! – repetia para si mesmo quando se pegava só, remoendo esses pensamentos aos quais ele já não dava crédito. Desejava que eles não fossem verdadeiros, e de fato vivia como se eles realmente não existissem.
E dava a seus dilemas uma resposta. Eram todos culpa de uma mente que não fazia mais nada além de pensar. Porque será que sua cabeça não parava de questionar a tudo e a todos inclusive a ele próprio?
Então sentiu-se culpado por pensar tanto, e em então pensou que talvez pensar não fosse tão boa idéia.
Ele quis parar de pensar, tentava sem êxito.
- Deve ser mesmo por causa disso que chamam de adolescência. – e então camuflava a culpa que sentia por pensar tanto a respeito daquilo que o incomodava, justamente porque mesmo que ele forçasse a mente a pensar o contrário, aquele peso era real.
Os conflitos existem, e não importa o quanto se corra, eles sempre conseguem alcançar-nos, onde quer que se vá. Eles estão pra fazer um reboliço no coração, e então mudar o que está imposto, que não é como a gente é.
E a mudança deve acontecer dentro de nós. Ela não precisa ser explícita, pra que o mundo todo veja e aplauda ou a repudie, mas tem que ser intensa, o suficiente pra que um espírito cansado depois de uma batalha, possa sentí-la e regozijar-se nela. Especialmente para Alfredo, este sentimento de reogozijo diante de uma mudança era necessário.
Há situações em que o motivo do conflito é fútil, e ele acaba não sendo tão proveitoso, podendo até mesmo deixar sequelas incuráveis. Mas a mente com o mínimo de equilíbrio sabe discernir quando o inevitável pode se tornar útil, e aprender a crescer diante do inevitável era o que Alfredo precisava, mas não poderia fazê-lo enquanto não admite-se para ele mesmo que alguma coisa não estava indo bem.
Não quer dizer que sempre haveremos de mudar tudo o que não é como a gente é, simplesmente por não existirem como nós, afinal somos seres capazes de respeitar, mas o limiar do respeito fica onde ele nos prejudica a alma, e quando esse limite é ultrapassado é hora de cuidar da alma atingida.
Nada pior que uma ferida de alma.
Mas a adolescência é uma fase, não dura pra sempre. Alfredo um dia cresceu.

Thábata.

Descobrindo o amar.



E quando tudo parecia um infinito vazio, de olhares indiferentes, de beijos ausentes de "verdade", ele surgiu, tornando meus beijos irretocáveis, me olhou e me levou com ele, pra um lugar que ainda estou revelando em passos, dias, olhares... Foi aquele presente que Deus guardou pra mim, e me entregou no momento de uma oração.
Parece ter sido lapidado pelo Criador exatamente da maneira como desejei nos meus mais secretos e profundos sonhos onde só ele pode penetrar.
Tão subitamente surgiu em minha vida e como um milagre fez jorrar de mim uma alegria que nem eu mesma conhecia, nem podia saber que estava lá, precisava encontrá-lo pra decifrar a mim mesma.
Lançou-me o desafio de ser feliz, sem medo de respirar um amanhã ainda indecifrável, o qual por mais incrível que pareça não consigo temer. Como uma droga me deixou entorpecida, delírio pleno, com a coragem de um poeta que sem receio algum desbrava com grande altivez o enigmático mundo das palavras.
No momento em que seu olhar arranhou minha retina, me despertou pra algo que talvez já nem conhecesse mais, e me apresentou um mundo maior onde não é preciso muito pra alcançar a plenitude, onde o imprevisível é apenas o que necessito.
Fez-me perder as defesas e me tornei imune à dor, refém de mim mesma, e de um sentimento que buscou morada em mim do qual não pretendo nem quero me libertar.
Nele descobri um amor que dispensa cobranças egoístas, ofensas justificáveis, desrespeitos aceitáveis. Ele me cuida sem aprisionar-me, estamos presos apenas pela nossa liberdade.
Penso nele cada vez que seu perfume, essência inconfundível, inebria meu corpo e toma minha mente. Ele me desperta um fascínio, uma busca incessante por desvendar o que sinto e por construir uma história ímpar, só nossa. A pressa não me persegue, não enquanto tiver seu colo para me amparar e me arrebatar em breves instantes.
Outrora talvez tivesse medo daquilo que penso, que sinto, que escrevo... mas percebo que não há lugar onde possa esconder-me de mim, e que é inútil tentar encobrir o óbvio. Ele me fez despir-me de medos e temores, e seja como for falarei a quem quiser saber do que estou descobrindo.
Temer a mim mesma e aos outros já não faz parte de mim, aprendi a valorizar e apreciar o que vivi, o que vivo, de uma maneira ou de outra, certo ou errado, sei que valeu a pena.
Ele não permite que nossa paz seja assassinada pelo ciúme, e vivemos um misto perfeito de confiança e cuidado que nos avigora e nos renova e despertar para o mais belo que o amor tem a oferecer.
Queria poder dar-lhe mais que poesia, lhe mostrar algo original, diferente, algo que ele nunca tenha contemplado antes, coisa que hei de inventar só pra ele, pra demonstrar a sua importância nos meus momentos e na minha vida.
Ele me inspira. E para ele escreveria as mais belas estrofes, que seriam tantas capazes de preencher as brancas páginas de um livro.
Não tenho muito a lhe oferecer, só um sentimento que ainda estou tentando revelar e a minha poesia.
Tudo o que sempre procurei, está nele.
Obra do acaso?
Não.
Presente de Deus!
Agora só posso querer seguir se ele for comigo, sempre pra todo e qualquer lugar...

Thábata.