segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Caçadora de felicidade




A minha vida toda eu fui uma aplicada estudante que sempre cumpriu com seus deveres e obrigações escolares. Na faculdade não era muito diferente, apesar de estar um pouco acomodada, minhas notas e conceitos excelentes sempre foram a minha maior preocupação. O que eu queria era ser a melhor em tudo, a melhor advogada, a melhor professora, a melhor pedagoga, Thábata a melhor!
Pobre de mim!(risos) Como eu pude pretender tanto?
Hoje em virtude de uma infinidade de mudanças que vivo estou obrigada a assumir minha completa tolice. Ôh menina tola que não se contenta com nada! Acorda pra vida, que o mundo não é a sua caixinha de música com a sua bailarina dançando conforme a música. Não. Felizmente o mundo não anda no ritmo que damos a ele. A nossa vida salta das nossas mãos, em certos momentos ela nos escapa como o sabão na banheira. Ainda não conheço (ou se conheço minha péssima memória não me permite lembrar) nenhum desafortunado para quem as coisas tenha sido exatamente da maneira que este as planejou.
Nem mesmo Jesus, que é o maior de todos em tudo, incomparável em ações e palavras, nem ele mesmo quis mundos e fundos para si, se tivesse desejado isto ele não teria morrido numa cruz por um bando de pecadores ingratos. E o que seria da humanidade se ele tivesse pretendido ser o melhor em tudo? E como somos abençoados por ele ter desejado ser apenas a simplicidade que salta aos olhos.
Até mesmo os nossos ídolos, aqueles a quem não agregamos nenhum defeito, pessoas que para nós foram absolutamente bem sucedidas em tudo, nem mesmo estes escapam. Sinto derrubar a lenda, mas famosos não são realizados em tudo que pretendem, grandes cientistas não alcançam todos os projetos que arquitetam, e ninguém têm a vida como marionete nas mãos. Isto porque a gente nunca se satisfaz com ela, a medida de encher nunca enche e estamos sempre querendo mais e exigindo sempre muito dessa vida que se resigna a nos ceder apenas alguns milhares de momento de felicidade. Será que isso é tão pouco?!
Bem, pra mim não é mais. Felicidade é o que eu quero. Não aquela que todo mundo quer: muito dinheiro, saúde, prestígio, sucesso...Não quero mais sonhar que alcançando tudo isso eu estarei completa, não quero que minha atenção seja despertada unicamente por isso. Eu posso ficar sem dinheiro, vai ser muito ruim, eu imagino, mas posso ficar sem, principalmente se tiver alguém pra brincar comigo de fazer animais sobre as sombras da vela quando a minha luz for cortada por falta de pagamento; posso ficar sem saúde, seguramente não é o que eu mais desejo, mas posso ficar sem, principalmente se eu tiver alguém que me leve flores no leito, ah! Tulipas, as mais coloridas, e que me conte como está chovendo lá fora e abra a janela pra compartilhar comigo cada pingo, e sem contar que eu adoraria ver como é o céu se a morte me levar; posso ficar sem prestígio, se tiver o mais incomum dos seres me olhando docemente e me chamando de linda; posso ficar sem sucesso, poxa isso realmente seria triste, mas passo sem, principalmente se tiver uma criança como meu Amadeu erguendo os bracinhos e querendo nada mais do que o meu abraço, nossa que felicidade! O que eu descrevi até aqui foram momentos. Momentos que nenhuma vida cheia de sucesso, de saúde e de dinheiro pode comprar. Momentos que não precisam de muito pra se tornarem eternos. Eu quero conseguir estar alegre mesmo quando as coisas fugirem do meu controle, e acreditar que de alguma maneira eu posso viver bem.
Pequenos e freqüentes momentos de felicidade, é isso que eu pretendo pra minha vida a partir de então. E eu serei uma exímia caçadora deles, para que eles sejam abundantes pra mim.
Thábata.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

A fogueira da vida.



Ultimamente tenho me deparado com algumas situações. Nem todas essas situações estão se passando comigo, a maioria são mais fruto da minha observação do que de experiências pessoalmente vividas, mas eu acredito que somos capazes de aprender bastante só em olhar a conseqüência do prejudicial.
Eu não ouso duvidar da dor de quem ao sentir o calor de uma faísca de fogo, libera um grito que mistura susto e dor. Sim, eu acredito que dói, logo, fico afastada da fogueira o máximo que posso para evitar que as faíscas me atinjam, mas não me distancio em demasiado para que o frio não me esfrie o coração. A fogueira é exatamente essas situações complicadas que por vezes somos obrigados a conhecer, por nós ou pelos outros. Elas são indiscutivelmente necessárias para que estejamos aquecidos, vivos, problemas, sejam qual forem, são características dos seres que respiram. Mas cabe a nós ter a menor gota de sanidade para saber discernir o quanto podemos ficar perto da fogueira sem que as faíscas nos alcancem a pele.
Pode parecer, à vista dos corajosos inveterados, uma posição um tanto covarde de minha parte:
“Fugir das faíscas para não sentir dor quando é melhor enfrentá-las e aprender com as marcas que elas nos deixam? Não fujo!”.
Bem, mas antes que eu seja apedrejada pelos leitores corajosos que me dão a honra de sua atenção, com toda humildade que eu sou capaz de transmitir lhes digo, julgo-me inteligente o bastante para aprender só em observar a dor alheia, porque a sensibilidade que carrego me faz capaz de poder saber ao menos um pouco do sofrimento do outro com meus sentidos, e mais do que isso, me faz perceber o que é ruim pra mim. Não quero e nem preciso sempre ter que sentir na pele pra aprender. Quero acreditar que inevitavelmente serei atingida por faíscas, mas isso não é motivo para que eu me atire na fogueira atrás de sabedoria. Quando o outro puder através de suas expressões ser capaz de me fazer sentir sua dor, eu saberei que tenho que tomar cuidado.
Não pretendo ser uma colecionadora de cicatrizes, quero minha pele limpa. No caso da dor ser inevitável, quem sabe uma faísca perdida no escuro da noite, que venha, não poderei fugir, mas enquanto houverem métodos de me precaver dela, admito, eu os usarei a todos.
Não estou querendo dizer que a dor me apavora, que diante dela eu não posso, até acho que ela é absolutamente necessária, afinal como me manter aquecida se não estiver perto da fogueira de onde a cada segundo pulam milhares de faíscas? No entanto não é por isso que vou me atirar na fogueira pra demonstrar toda a minha coragem e altivez.
Estou sentindo, estou sofrendo?! Vou fazer o que tiver de ser feito para melhorar, ou simplesmente viver a minha realidade nua e crua. Mas posso evitar?! Pode ter certeza que o farei.
Então vem aqueles que dizem que cada situação é diferente da outra, o que acontece com o outro pode não acontecer comigo e vice-e-versa, portanto, como me basear em experiências alheias? Permitam-me esclarecer-lhes a todos. Isto aqui nada mais é que um pensamento, não uma receita de bolo num papel timbrado sem nenhuma vida, daquelas que se deve seguir a risca para alcançar êxito ao fim. Este pensamento não será aplicado de maneira positivista, mas sim de acordo com as situações a qual ele pretender ser aplicado.
Realmente não raras vezes momentos vividos por outrem não se encaixem no nosso presente vivido, mas Deus não nos concedeu inteligência só pra conhecermos que 2+2 são 4 e que a composição da água é H2O. Ele nos concedeu para que pudéssemos usá-la a nosso favor no cotidiano de uma vida que é impossível de ser vivida isoladamente.
Quero olhar a tudo e perceber a todos, quero tirar pra mim as coisas boas da experiência do meu amigo, e afastar de mim a sua atitude quando eu ver que ela é de conseqüências trágicas.
Para viver com meus problemas e sofrer com eles, mas resolvê-los de uma maneira menos dolorosa pra mim. Quero aprender e apreender o melhor das situações e das pessoas, quero espremer a dor e tirar o melhor dela para que ela não se dissemine na minha alma, mas para que ela traga consigo uma lição que eu usarei no decorrer da minha vida.
Quero espírito feliz, e uma alma saudável.
E quero conseguir estar feliz a maior parte do tempo, e não tenho a pretenção de querer ser feliz pra sempre!
Se evitar a dor e querer o melhor do fogo forem sinônimos de covardia, desculpem-me.
Terei que me assumir covarde!
Thábata.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Genesis 15 - 2


"Entäo disse Abräo: Senhor DEUS, que me hás de dar, pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliézer? Disse mais Abräo: Eis que näo me tens dado filhos, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro. E eis que veio a palavra do SENHOR a ele dizendo: Este näo será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro. Entäo o levou fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência. E creu ele no SENHOR, e imputou-lhe isto por justiça.” – Gênesis 15 – 2.

Lendo esse trecho fui surpreendida por algo que despertou a minha atenção. Nos capítulos anteriores que falam de Abraão, podemos conhecer que Deus já havia feito-lhe várias promessas, muitas delas já vinham se cumprindo, outras já haviam se cumprido, e esta ainda estava por cumprir-se. Deus ainda não tinha dado um filho a Abraão. Filhos na época de Abraão talvez fosse a coisa mais importante que um homem poderia possuir, pois era muito triste e motivo de escárnio entre a sociedade quando a descendência de um homem não encontrava continuidade em um filho. Abraão já tinha testemunhado do amor de Deus para com ele, já havia sentido o cuidado que o Senhor lhe tinha, já tinha recebido as mais variadas bênçãos, mas a maior, aquela que era o desejo do seu coração ele ainda não havia alcançado, não tinha filhos.
Talvez o grande desejo não alcançado de Abraão fosse o motivo para que ele desse espaço para a ansiedade e a dúvida. Ele queria muito um filho e não via a hora dessa promessa se cumprir, mas será que ela iria se cumprir? Com certeza Abraão questionava isso em seu coração, mesmo depois de perceber o quanto Deus lhe amava e o quanto era fiel com ele, ainda assim Abraão tomado pela impaciência e sobrecarregado do sonho, duvidou de que enfim chegaria o dia em que ele veria sua descendência continuar em um filho.
Isso acontece também conosco. Deus é o mesmo ontem e hoje, e assim como se manifestou no passado, Ele se manifesta hoje, assim como operava milagres entre o seu povo antes assim o faz também hoje, e assim como no tempo da Igreja Primitiva Ele continua fiel àqueles que o amam e que querem seguir seus passos, e cumprindo as promessas que ele faz. No entanto ainda assim muitas vezes as situações fazem nosso espírito se cansar de sofrer, de cair, de esperar. São tantas as tribulações, as pedras atiradas sobre nós, que a sensação de que não existe mais solução nos toma e ofusca a tão falado luz no fim do túnel, e nos tornamos cegos projetados pela escuridão de um tempo que teima em não melhorar. É nessa hora que a nossa natureza entra na fila e toma a vez, a nossa humanidade nos faz duvidar do sublime, a nossa mente já fraca não é capaz de levantar os olhos e enxergar as maravilhas do nosso Deus.
Mas o Deus ao qual louvamos é tão maravilhoso e grande em misericórdia, que quando Abraão perguntou como Ele faria para que a sua descendência fosse grande, Ele, que conhece as nossas falhas, as nossas angústias, as nossas limitações, se encheu de amor e respondeu a Abraão que o que Ele tinha reservado não era um servo para ser seu herdeiro, Ele iria fazer além do que Abraão podia pensar, ele ia fazer brotar do útero infértil de Sara o filho tão sonhado, Ele iria mudar a natureza das coisas pra ver a felicidade o seu servo, Ele seria capaz de tudo pra cumprir a sua promessa. Com certeza a descendência de Abraão seria enorme. O Senhor consolou seu servo, falou com carinho e lhe mostrou a maravilha do milagre que se realizaria em sua vida.
Abraão continuou então a crer em tudo quanto Deus havia lhe dito, e de coração acalantado pelo amor do Senhor, ele descasou e seguiu obedecendo-o.
A vida nunca será fácil conosco, os problemas são a marca registrada de quem respira. Por maiores que eles sejam, nós sabemos lhe dar com eles pra que eles não nos destruam. A nossa força está naquEle que é a nossa rocha forte, aquEle que é o nosso esteio, o nosso consolador. Ele não falha em suas promessas, o seu amor é imenso. Pensar que o Senhor entra com providencia e com consolo para com os seus servos deve ser a força motriz que nos leve cada a crer no seu poder e na sua graça. O Senhor Deus não nos abandona nunca, nem no mais escuro do nosso desespero. O seu espírito consolador nos conforta e seu cuidado nos cerca a qualquer tempo.
Por tudo isso, e por muito mais, eu tenho crido nesse Deus tão lindo, que é o motivo do meu viver feliz.
Amém!
Thábata.