quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

A fogueira da vida.



Ultimamente tenho me deparado com algumas situações. Nem todas essas situações estão se passando comigo, a maioria são mais fruto da minha observação do que de experiências pessoalmente vividas, mas eu acredito que somos capazes de aprender bastante só em olhar a conseqüência do prejudicial.
Eu não ouso duvidar da dor de quem ao sentir o calor de uma faísca de fogo, libera um grito que mistura susto e dor. Sim, eu acredito que dói, logo, fico afastada da fogueira o máximo que posso para evitar que as faíscas me atinjam, mas não me distancio em demasiado para que o frio não me esfrie o coração. A fogueira é exatamente essas situações complicadas que por vezes somos obrigados a conhecer, por nós ou pelos outros. Elas são indiscutivelmente necessárias para que estejamos aquecidos, vivos, problemas, sejam qual forem, são características dos seres que respiram. Mas cabe a nós ter a menor gota de sanidade para saber discernir o quanto podemos ficar perto da fogueira sem que as faíscas nos alcancem a pele.
Pode parecer, à vista dos corajosos inveterados, uma posição um tanto covarde de minha parte:
“Fugir das faíscas para não sentir dor quando é melhor enfrentá-las e aprender com as marcas que elas nos deixam? Não fujo!”.
Bem, mas antes que eu seja apedrejada pelos leitores corajosos que me dão a honra de sua atenção, com toda humildade que eu sou capaz de transmitir lhes digo, julgo-me inteligente o bastante para aprender só em observar a dor alheia, porque a sensibilidade que carrego me faz capaz de poder saber ao menos um pouco do sofrimento do outro com meus sentidos, e mais do que isso, me faz perceber o que é ruim pra mim. Não quero e nem preciso sempre ter que sentir na pele pra aprender. Quero acreditar que inevitavelmente serei atingida por faíscas, mas isso não é motivo para que eu me atire na fogueira atrás de sabedoria. Quando o outro puder através de suas expressões ser capaz de me fazer sentir sua dor, eu saberei que tenho que tomar cuidado.
Não pretendo ser uma colecionadora de cicatrizes, quero minha pele limpa. No caso da dor ser inevitável, quem sabe uma faísca perdida no escuro da noite, que venha, não poderei fugir, mas enquanto houverem métodos de me precaver dela, admito, eu os usarei a todos.
Não estou querendo dizer que a dor me apavora, que diante dela eu não posso, até acho que ela é absolutamente necessária, afinal como me manter aquecida se não estiver perto da fogueira de onde a cada segundo pulam milhares de faíscas? No entanto não é por isso que vou me atirar na fogueira pra demonstrar toda a minha coragem e altivez.
Estou sentindo, estou sofrendo?! Vou fazer o que tiver de ser feito para melhorar, ou simplesmente viver a minha realidade nua e crua. Mas posso evitar?! Pode ter certeza que o farei.
Então vem aqueles que dizem que cada situação é diferente da outra, o que acontece com o outro pode não acontecer comigo e vice-e-versa, portanto, como me basear em experiências alheias? Permitam-me esclarecer-lhes a todos. Isto aqui nada mais é que um pensamento, não uma receita de bolo num papel timbrado sem nenhuma vida, daquelas que se deve seguir a risca para alcançar êxito ao fim. Este pensamento não será aplicado de maneira positivista, mas sim de acordo com as situações a qual ele pretender ser aplicado.
Realmente não raras vezes momentos vividos por outrem não se encaixem no nosso presente vivido, mas Deus não nos concedeu inteligência só pra conhecermos que 2+2 são 4 e que a composição da água é H2O. Ele nos concedeu para que pudéssemos usá-la a nosso favor no cotidiano de uma vida que é impossível de ser vivida isoladamente.
Quero olhar a tudo e perceber a todos, quero tirar pra mim as coisas boas da experiência do meu amigo, e afastar de mim a sua atitude quando eu ver que ela é de conseqüências trágicas.
Para viver com meus problemas e sofrer com eles, mas resolvê-los de uma maneira menos dolorosa pra mim. Quero aprender e apreender o melhor das situações e das pessoas, quero espremer a dor e tirar o melhor dela para que ela não se dissemine na minha alma, mas para que ela traga consigo uma lição que eu usarei no decorrer da minha vida.
Quero espírito feliz, e uma alma saudável.
E quero conseguir estar feliz a maior parte do tempo, e não tenho a pretenção de querer ser feliz pra sempre!
Se evitar a dor e querer o melhor do fogo forem sinônimos de covardia, desculpem-me.
Terei que me assumir covarde!
Thábata.

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